02 maio Anorexia e Terapia Familiar
Ainda que demore a perceber a extenção do problema, a família é a principal, quando não única, linha que conecta a menina anoréxica ao mundo à sua volta. E é também o canal pelo qual ela tem maiores chances de se recuperar. Num estudo feito pelas universidades de Chicago e Stanford, 121 pacientes com anorexia, entre 12 e 18 anos, foram acompanhadas durante um ano para que se comparassem os resultados da terapia individual e da familiar. Ao final, constatou-se que 49% das pacientes em terapia familiar conseguiram se recuperar e apenas 10% tiveram recaídas. Entre as que fizeram terapia individual, 23% se recuperaram e 40% tiveram recaídas.
Nas sessões de terapia em grupo, os pais percebem que não são os únicos naquela situação e aprendem a lidar com a doença. Manuela Barbosa, professora de educação física, hoje com 30 anos, relata que a presença dos pais no tratamento foi fundamental para sair do túnel escuro da anorexia. Aos 15 anos, começou a fazer regime e gradativamente passou para a patologia. Chegou a pesar 33 quilos. “Minha adolescência foi um vácuo, eu só pensava no meu peso”, lembra. Foi ela quem pediu ajuda e aceitou bem que os pais participassem do tratamento, porque “queria que eles vissem meu sofrimento.” Com a terapia, os conflitos em casa diminuíram e os cuidados aumentaram. “Eles começaram a fazer comida só pra mim, meus parentes ligavam para saber como eu estava. Fiquei muito feliz.” A recuperação é um processo. “O corpo se recupera mais rápido, mas a cabeça demora para aceitar o novo peso”, diz.
Fonte: Revista Veja, 01/12/2010
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